Água usada na cervejaria Backer estava contaminada, diz ministério

Polícia de Minas confirmou que uma segunda pessoa morreu devido à síndrome nefroneural após consumir cerveja suspeita de contaminação. Água usada na cervejaria Backer estava contaminada, diz Ministério da Agricultura O Ministério da Agricultura afirmou nesta quarta-feira (15) que a água usada na linha de produção da cervejaria Backer estava contaminada. A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou uma segunda morte pela síndrome nefroneural de uma pessoa que bebeu a cerveja suspeita. Um homem que estava internado em um hospital de Belo Horizonte morreu na manhã desta quarta-feira (15). De acordo com a Polícia Civil, esse caso está entre os investigados como vítima da síndrome nefroneural, que provoca insuficiência renal e problemas neurológicos. Um outro homem, morador de Ubá, na Zona da Mata, morreu na semana passada. A Secretaria estadual de Saúde divulgou uma lista com 17 notificações, mas essa lista deve aumentar. Outros casos estão surgindo no interior de Minas Gerais, como o de uma mulher de 60 anos que morreu em Pompéu, no Centro-Oeste mineiro. Esses casos ainda estão sendo analisados pelo governo. Segundo os médicos, algumas vítimas podem ter sintomas mais fortes ou mais leves da síndrome nefroneural e pode acontecer de uma pessoa nem apresentar as reações. Um dos motivos é a quantidade de substância tóxica ingerida. “A gente sabe que o antídoto que é usado para o dietilenoglicol é o etanol, que é o álcool comum que existe em bebidas alcoólicas, uísque e na própria cerveja. Se esse indivíduo ingere, por exemplo, um destilado junto com essa outra bebida, de certa forma, tem uma ação protetora, porque diminui a metabolização do agente tóxico”, explicou o médico toxicologista do Hospital João XXIII Adebal de Andrade. A Secretaria Nacional de Direito do Consumidor determinou que a Backer faça uma campanha nacional de divulgação esclarecendo os consumidores sobre como devolver as cervejas, as formas de ressarcimento, quais os pontos para onde as garrafas foram distribuídas e quais as marcas com risco de contaminação. A empresa também vai ter que recolher do mercado todas as marcas de cervejas fabricadas desde outubro e não pode voltar a vendê-las até o fim das investigações. Peritos da Polícia Civil de Minas detectaram a presença de um produto chamado dietilenoglicol num lote da cerveja Belorizontina, da Backer. É uma substância tóxica. O dietilenoglicol é um éter de glicol e o uso mais conhecido é no resfriamento, por exemplo, de motores de carro. Já o monoetilenoglicol é um tipo de álcool menos tóxico e tem a mesma função: resfria sem congelar. No processo de fabricação, a cerveja fica em tanques de fermentação, por alguns dias, em temperatura baixa. O sistema responsável pelo resfriamento é separado do tanque que contém a bebida. O sistema de resfriamento tem uma espécie de serpentina que não pode ser congelada. Por isso, alguns produtores de cerveja utilizam o monoetineloglicol ou o dietilenoglicol como anticongelante. A substância sai de um equipamento, o chiller, e percorre o sistema de resfriamento. A substância anticongelante não pode ter contato com a cerveja em nenhum momento. O Ministério da Agricultura declarou que já são sete lotes de cerveja da Backer contaminados e que encontrou um consumo elevado de monoetilenoglicol na cervejaria. “A gente levantou aquisições desse insumo por dois anos, totalizou pouco mais de 15 toneladas adquiridas de etilenoglicol. Então, em nossa primeira análise, a gente ainda está apurando isso, não justificaria o consumo, não justificaria um gasto a não ser que tenha uma contínua ampliação dos sistemas produtivos”, disse Carlos Vitor Muller, coordenador-geral de Vinhos e Bebidas do Ministério da Agricultura. A Backer sempre afirmou que utiliza o monoetilenoglicol no processo de resfriamento da cerveja. Mas, no início da semana, investigadores encontraram num dos tanques de cerveja a substância dietilenoglicol, que é mais tóxica, e que a empresa afirma não utilizar em suas instalações. Nesta quarta-feira, o Ministério da Agricultura afirmou que peritos encontraram as duas substâncias: tanto o monoetileno quanto o dietilenoglicol na água usada num dos processos de produção de cerveja da backer. “A gente não consegue ainda afirmar efetivamente como ocorre essa contaminação desse tanque de água gelada, se é nesse tanque de água gelada ou se é na etapa anterior a esse tanque, nenhuma hipótese pode ser descartada no momento. Sabotagem pode ocorrer, pode ocorrer uma utilização inadvertida e incorreta do etilenoglicol como um agente de resfriamento para melhorar a performance de resfriamento desse mosto, ou pode ter simplesmente um vazamento de uma solução refrigerante para dentro dessa água gelada utilizada do processo de resfriamento desse mosto cervejeiro”, explicou Muller. A Backer tem repetido que não compra o dietilenoglicol. O professor de química do Cefet-MG Breno Galvão afirma que o monoetileno não pode se transformar em dietileno, mas não descarta a possibilidade de haver alguma contaminação na indústria química que produz essas substâncias. “Nem por acidente o mono vai ser convertido em dietilenoglicol, um não se transforma no outro. O que é possível é que a empresa que vendeu o monoetilenoglicol tenha vendido com algum resquício e alguma pequena porcentagem de dietilenoglicol por serem eles feitos pelo mesmo precursor”, explicou o professor de química Breno Galvão. A Anvisa declarou que não há regulação para o uso de substâncias usadas exclusivamente no maquinário. A agência afirmou que é fundamental conhecer a origem da contaminação da cerveja para avaliar a necessidade de se estabelecer uma regulamentação específica para este tipo de substância. A Backer declarou que, nos últimos dois anos, precisou aumentar a compra de monoetilenoglicol por causa do aumento da produção; que, nesse período, foram comprados 29 tanques de fermentação. A cervejaria repetiu que jamais comprou nem usou o dietilenoglicol no processo de fabricação, que aguarda os resultados das apurações e que continua à disposição das autoridades.

Água usada na cervejaria Backer estava contaminada, diz ministério Água usada na cervejaria Backer estava contaminada, diz ministério Analisado por Blog em janeiro 15, 2020 Classificação: 5

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