Reconstituição 3D da boate Kiss: entenda como foram feitas as versões e como são utilizadas no júri


Ministério Público anexou ao processo uma versão em 3D da boate para que as testemunhas e sobreviventes possam explicar o que aconteceu em cada local. Defesa de um dos réus contesta a versão e apresentou outra maquete. Vídeo 3D da boate apresentado pelo Ministério Público Desde o início do julgamento do incêndio da boate Kiss na quarta-feira (1º), tanto Ministério Público, quanto os advogados de defesa do réu Elissandro Spohr, utilizam uma maquete com reprodução 3D de como era a boate na época do incêndio. O material é apresentado às testemunhas e sobreviventes para tirar dúvidas sobre a posição de cada um no momento em que o fogo começou. Assista ao vivo o julgamento do incêndio na boate Kiss Nas reconstituições em 3D é possível navegar pela boate como se a pessoa estivesse dentro do local. Desde a fachada, até a entrada, o palco, as pistas, os banheiros e toda a extensão do ambiente. A Kiss é reproduzida como era naquele 27 de janeiro, dia do incêndio. Cada um dos ambientes conta com descrições de altura e materiais que eram utilizados, como a espuma acústica no palco, por exemplo. Porém, as versões apresentadas são distintas. O material usado pelo Ministério Público, que foi anexado aos autos do processo, foi criado pela antropóloga argentina Virgínia Vecchioli e pelo arquiteto Lucas Kolton. Palco em maquete apresentada pelo Ministério Público Reprodução / UFSM Segundo a professora, a maquete foi feita com base no escaneamento digital do Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal, baseado em inúmeras fontes como fotografias, vídeos, escaneamento digital em 3D e documentos escritos. Já o advogado Jader Marques, responsável pela defesa de Elissandro Spohr, diz que a versão apresentada pelo Ministério Público tem cerca de 10 erros de medidas em todo o projeto da boate, como em portas ou ambientes internos. "Meu problema é com o conteúdo do software, porque ele contém impropriedades métricas. Ele não está de acordo com o laudo 12268/2013 (do Instituto Geral de Perícias, IGP). A maquete, portanto peca, em questões que são fundamentais, exatamente nos centímetros de definição de elementos no interior da boate, que, para nós, obviamente são muito importantes", destaca o advogado. Vídeo 3D do interior da boate utilizado pela defesa do réu Elissandro Spohr Sobre os supostos erros de medidas destacados pelo advogado, a professora Virgínia diz que o trabalho realizado pela equipe da UFSM é um trabalho rigoroso e que o apresentado pela defesa de Kiko se baseia "exclusivamente na planta da boate e em alguns dados do laudo realizado pelo IGP". "Enquanto o vídeo apresentado pela defesa mostra as melhoras ao longo do tempo desde a abertura da boate, o único interesse da equipe da UFSM é mostrar a cena do crime, quer dizer, como era a boate Kiss no momento em que aconteceu a tragédia. Enquanto o vídeo apresentado pela defesa como alternativa e mais fidedigno que a reconstrução digital interativa, o problema dele é que se baseia exclusivamente na planta da boate e em alguns dados do laudo realizado pelo IGP", destaca o projeto apresentado pela UFSM. O Ministério Público, por meio de nota, informou que o projeto da UFSM foi executado entre julho e novembro de 2021 e que a "ferramenta recria com absoluta perfeição o interior da boate". Veja nota na íntegra abaixo. LEIA MAIS Como foi o 1º dia de julgamento Como foi o 2º dia de julgamento Como foi o 3º dia de julgamento Quem são os réus? Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, 38 anos, era um dos sócios da boate Mauro Lodeiro Hoffmann, 56 anos, era outro sócio da Boate Kiss Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, músico da banda Gurizada Fandangueira Luciano Augusto Bonilha Leão, 44 anos, era produtor musical e auxiliar de palco da banda Entenda o caso Os quatro réus são julgados por 242 homicídios consumados e 636 tentativas (artigo 21 do Código Penal). Na denúncia, o Ministério Público havia incluído duas qualificadoras — por motivo torpe e com emprego de fogo —, que aumentariam a pena. Porém, a Justiça retirou essas qualificadoras e converteu para homicídios simples. Para o MP-RS, Kiko e Mauro são responsáveis pelos crimes e assumiram o risco de matar por terem usado "em paredes e no teto da boate espuma altamente inflamável e sem indicação técnica de uso, contratando o show descrito, que sabiam incluir exibições com fogos de artifício, mantendo a casa noturna superlotada, sem condições de evacuação e segurança contra fatos dessa natureza, bem como equipe de funcionários sem treinamento obrigatório, além de prévia e genericamente ordenarem aos seguranças que impedissem a saída de pessoas do recinto sem pagamento das despesas de consumo na boate". Nota do Ministério Público O projeto da UFSM foi executado entre julho e novembro de 2021. Do ponto de vista técnico, começou com o modelo em 3D realizado pelo Instituto de Criminalística da Polícia Civil do Distrito Federal, que em fevereiro de 2013 havia escaneado digitalmente a maior parte do interior da boate. O Ministério Publico do RS disponibilizou a íntegra do processo, que é de domínio público, para que fossem analisadas as mais de 90 pastas de documentos escritos, fotográficos e audiovisuais. A análise das milhares de folhas permitiu conferir a reconstrução em seu caráter fidedigno. Foram analisados também os volumes anexos. O Ministério Público do RS afirma que a ferramenta recria com absoluta perfeição o interior da boate. VÍDEOS: Tudo sobre a boate Kiss

Reconstituição 3D da boate Kiss: entenda como foram feitas as versões e como são utilizadas no júri Reconstituição 3D da boate Kiss: entenda como foram feitas as versões e como são utilizadas no júri Analisado por Blog em dezembro 04, 2021 Classificação: 5

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