Júri da Kiss: 2º dia termina com emoção de sobreviventes e intervenções fortes do juiz


Promotores e advogados também tiveram embates acirrados nesta quinta (2). Três sobreviventes e uma testemunha falaram sobre o incêndio na boate que matou 242 pessoas em 2013. Segundo dia do júri da Kiss teve embates entre advogados e promotores e primeiro depoimento de testemunha Juliano Verardi / IMPRENSA TJRS O segundo dia de julgamento do incêndio da boate Kiss, nesta quinta-feira (2), no Foro Central de Porto Alegre, terminou marcado por discussões ásperas entre promotores e advogados e até uma intervenção mais veemente do juiz Orlando Faccini Neto. À tarde, também teve o primeiro depoimento de uma testemunha no processo, além de três sobreviventes. AO VIVO: Acompanhe julgamento dos réus no caso Kiss Os sobreviventes Emanuel Pastl e Jéssica Montardo Rosado depuseram pela manhã na quinta-feira. Emanuel citou elementos técnicos que, segundo ele, falharam na noite da tragédia. "Quando deu o princípio de incêndio, não soou nenhum alarme, não estava clara a rota de saída de emergência e também não teve iluminação. Eu não tinha visualização nenhuma. Não lembro de ter visto extintor", disse. Emanuel: 'não soou alarme, não teve iluminação', conta sobrevivente especialista em prevenção de incêndio Já Jéssica contou sobre a perda do irmão. Segundo ela, ele entrou dentro da boate para tentar salvar outras pessoas. "Há relatos de bombeiros e pessoas que ajudaram, as pessoas acreditam que ele salvou de 14 a 15 pessoas, porque cada vez que ele ia ele voltava com dois. Eu queria ter feito mais mas eu não tive força", relatou. Jéssica: 'vi quando pegou a faísca', conta sobrevivente que perdeu irmão O DJ Lucas Cauduro Peranzoni foi o último a falar, à noite, e chorou muito ao ver vídeo do incêndio na Kiss. O sobrevivente ainda confirmou que a boate usava baldes de espumante com artefatos piroténicos em apresentações. "Eu desmaiei. Caí e fui muito pisoteado. Alguém me tirou de lá", disse Lucas para a promotora Lúcia Helena Callegari, aos prantos, para explicar por que não ajudou outras pessoas. Lucas: 'eu desmaiei, fui muito pisoteado', diz DJ da boate sobre a noite do incêndio 'Eu desmaiei', conta DJ que trabalhava na Kiss na noite do incêndio Reveja os depoimentos dos sobreviventes no dia anterior: Kátia: 'comecei a gritar que não queria morrer', diz ex-funcionária que teve corpo queimado Kelen: 'última vez que corri foi para tentar me salvar', diz sobrevivente que teve perna amputada Testemunha critica uso de espuma O engenheiro Miguel Ângelo Teixeira Pedroso falou nesta quinta que teria desaconselhado o uso da espuma isolante na casa noturna. Ele foi a primeira testemunha incluída no processo e pediu preferência para ser ouvido, por isso ficou toda a tarde e parte da noite respondendo aos questionamentos. "Só um leigo e ignorante na área poderia achar que espuma fosse conveniente dentro de uma boate", disse engenheiro. Nesta sexta, serão ouvidos Daniel Rodrigues da Silva e Gianderson Machado da Silva, a pedido do Ministério Público, e Pedrinho Antônio Bortoluzzi, solicitado pela advogada de Marcelo de Jesus, Tatiana Borsa. Ainda participará o sobrevivente Érico Paulus Garcia, que deve ser entrevistado no período da noite. Tensão entre partes Promotor e advogado discutem durante o júri da Kiss Nesta quinta (2), também, houve uma série de momentos tensos entre as partes. Ora Ministério Público ora advogados questionavam a condução das perguntas. (Veja o vídeo acima) Em um determinado momento, o juiz Faccini Neto interveio e classificou uma ação da defesa do réu Elissandro Spohr como "apelativa e desnecessária". O advogado Jader Marques chamou seu cliente para o centro do auditório e, frente a frente com uma sobrevivente do incêndio, questionou se ela tinha "ódio" do acusado (veja o vídeo abaixo). Advogado pergunta se sobrevivente 'tem ódio' de réu da Kiss Entre o depoimento da testemunha e do último sobrevivente, o magistrado sugeriu um intervalo, mas Jader Marques solicitou o encerramento das atividades. Como o DJ havia pedido para ser ouvido ainda na quinta, os jurados deliberaram por um recesso de 30 minutos, criticado pelo advogado. O juiz, então, criticou e pediu que as partes se esforçassem para dar andamento ao processo. (Veja abaixo) "Posso lhe dar minha comida, se o senhor quiser", enfatizou. 'Faça a sua comida e traga de casa', diz juiz para advogado em júri da Kiss E também houve momentos de distensão. Quando o advogado Mário Cipriani, representante do empresário Mauro Hoffmann, perguntou ao engenheiro Pedroso se a espuma era tóxica e poderia comê-la, o depoente brincou. (Veja o vídeo) "Vai lhe dar uma dor de barriga terrível", disse. 'Vai lhe dar uma dor de barriga terrível', diz engenheiro sobre chance de comer espuma LEIA TAMBÉM: Réu do caso Kiss passa mal antes do julgamento Júri da Kiss: Entenda o julgamento do incêndio na boate do RS Quem são os réus, quais são as acusações e o que dizem as defesas' Nesta etapa do julgamento, 14 sobreviventes são questionados pelo juiz, pelo Ministério Público, pelo assistente de acusação e pelos defensores dos réus, nessa ordem. Os outros sete devem ser ouvidos nos dias seguintes. Quem são os réus? Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, 38 anos, era um dos sócios da boate Mauro Lodeiro Hoffmann, 56 anos, era outro sócio da Boate Kiss Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, músico da banda Gurizada Fandangueira Luciano Augusto Bonilha Leão, 44 anos, era produtor musical e auxiliar de palco da banda Entenda o caso Os quatro réus são julgados por 242 homicídios consumados e 636 tentativas (artigo 21 do Código Penal). Na denúncia, o Ministério Público havia incluído duas qualificadoras — por motivo torpe e com emprego de fogo —, que aumentariam a pena. Porém, a Justiça retirou essas qualificadoras e converteu para homicídios simples. Para o MP-RS, Kiko e Mauro são responsáveis pelos crimes e assumiram o risco de matar por terem usado "em paredes e no teto da boate espuma altamente inflamável e sem indicação técnica de uso, contratando o show descrito, que sabiam incluir exibições com fogos de artifício, mantendo a casa noturna superlotada, sem condições de evacuação e segurança contra fatos dessa natureza, bem como equipe de funcionários sem treinamento obrigatório, além de prévia e genericamente ordenarem aos seguranças que impedissem a saída de pessoas do recinto sem pagamento das despesas de consumo na boate". Já Marcelo e Luciano foram apontados como responsáveis porque "adquiriram e acionaram fogos de artifício (...), que sabiam se destinar a uso em ambientes externos, e direcionaram este último, aceso, para o teto da boate, que distava poucos centímetros do artefato, dando início à queima do revestimento inflamável e saindo do local sem alertar o público sobre o fogo e a necessidade de evacuação, mesmo podendo fazê-lo, já que tinham acesso fácil ao sistema de som da boate". VÍDEO: Tudo sobre o RS

Júri da Kiss: 2º dia termina com emoção de sobreviventes e intervenções fortes do juiz Júri da Kiss: 2º dia termina com emoção de sobreviventes e intervenções fortes do juiz Analisado por Blog em dezembro 02, 2021 Classificação: 5

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.