Após Justiça proibir toque de sino em igreja, moradores reclamam: 'É a tradição da cidade'


Liminar foi concedida pela Justiça após um morador reclamar que o volume do som era muito alto. Igreja utiliza do sistema para simular o som do sino e costuma tocar músicas. Morador reclama do volume do sistema de som da igreja de Marapoama Moradores de Marapoama (SP) afirmam que estão sentindo falta do som do sino da igreja, que foi desligado temporariamente após uma liminar ser concedida pela Justiça determinando que a Paróquia do Divino Espírito Santo limite o volume do sistema de som usado para simular o barulho de um sino. Após a ação judicial, a igreja decidiu desligar o som até que o volume seja regularizado de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (veja mais abaixo). Ainda não há uma data para o retorno do som. Porém, para muitos moradores o som do sino faz parte do município. O comerciante Luiz Carlos Cossari contou à Tv Tem que mora em frente à igreja há 38 anos e que o barulho nunca atrapalhou. “Toda a população está sentindo falta do sino. Todo mundo sabe a hora de vir almoçar, sabe a hora de jantar. Todo mundo segue o sino”, diz. Morador acionou a Justiça por causa do volume do sino de igreja em Marapoama Tv Tem/Reprodução A auxiliar de cozinha Andreza Iani também mora no local há mais de 30 anos e, segundo ela, após som do sino parar, a cidade ficou estranha. “É uma animação aqui para a gente [o barulho do sino]. Agora, você olha para essa praça e não tem mais graça, não tem mais sino”, declara. Concedida pela juíza Marina Miranda Belotti Hasmann, do Juizado Especial e Criminal, a liminar determina que a paróquia limite o volume do sistema de som a 60 decibéis no período diurno e a 55 no noturno. Consta nos autos que o morador entrou com ação judicial reclamando do barulho provocado pelo sistema de som da igreja. Oito alto-falantes instalados na torre da Paróquia emitem sons eletrônicos, das 7h às 21h30, com emissão de 75 decibéis em média por badalada. A igreja, que já tinha sido notificada no dia 16 de novembro, continuou utilizando o sistema de som, com volume acima do permitido. Equipado de novos vídeos e áudios, o morador acionou novamente a Justiça, e pediu que a paróquia fosse multada em R$ 1 mil por dia que descumprir a decisão. Para a doméstica Aparecida Bernardo Pereira, o barulho do sino nunca atrapalhou. “Não era alto. Se fosse alto, não era coisa que a gente teria aqui na igreja”, diz. “Tem que voltar isso daí, porque é uma coisa que a gente gosta muito, é tradição da cidade.”, enfatiza a aposentada Fátima Donizete de Brito. Entenda a história As "badaladas do sino" ocorrem todos os dias da semana, a cada hora. Aos domingos, adicionalmente às badaladas, toca-se uma hora de música ininterruptamente com início às 8h. A emissão do som é de 85 decibéis em média, conforme a denúncia do morador. O sistema de som também toca músicas durante a semana. Elas são reproduzidas todos os dias da semana às 12h e às 18h. Os níveis de decibéis foram medidos no interior de uma propriedade próxima, e os valores chegam a 85 decibéis durante a música. Som da igreja de Marapoama chega a 85 decibéis, quando o permitido pela lei é de 60 decibéis Tv Tem/Reprodução Na ação, o morador diz que em sua residência também mora um casal de idosos, com mais de 90 anos. Ele alega que a avó e o avô sofrem muito com o intenso barulho provocado pelo som da igreja. O morador também juntou vídeos e áudios que registram, em vários horários do dia, o sistema de som da Paróquia funcionando, sempre acima do limite permitido pelas regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Em nota, a Diocese de Catanduva afirmou que cumpre as normas vigentes, e que tomará as providências necessárias, por meio de empresa especializada para realizar a aferição do equipamento, fazendo a regulagem do aparelho de som, caso seja necessário. "A Diocese informa que até a real certeza de que não há qualquer perturbação à comunidade, o aparelho permanecerá desligado. Ressaltamos que temos total interesse em manter o volume do som de acordo com a legislação vigente, garantido o direito de todos, assim como, o Direito Constitucional de Liberdade Religiosa", escreveu a Diocese na mesma nota. A Prefeitura de Marapoama foi incluída na ação e contratou uma empresa que fez um laudo apontando que realmente o sistema de som da igreja provoca barulho acima do limite permitido. “Observa-se que os resultados indicados na tabela, gerados pelo instrumento de medição de ruído, os níveis de pressão sonora, quando da ocorrência de eventos causados pela igreja, estes ultrapassam os limites de referência da tabela 3. Portanto, devem ser tomadas medidas de adequação para que não cause perturbação dos níveis de conforto acústico nas imediações”, conclui a empresa contratada para fazer o laudo. Veja mais notícias da região no g1 Rio Preto e Araçatuba

Após Justiça proibir toque de sino em igreja, moradores reclamam: 'É a tradição da cidade' Após Justiça proibir toque de sino em igreja, moradores reclamam: 'É a tradição da cidade' Analisado por Blog em dezembro 01, 2021 Classificação: 5

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