Venezuela critica acolhida do Brasil a militares desertores e diz que Itamaraty dá condição de refugiados a 'terroristas'
Governo Maduro não apresentou provas da acusação. Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirmou no sábado (28) que 5 militares foram recebidos no Brasil na semana passada e estavam prestes a iniciar procedimentos para pedir refúgio. O governo da Venezuela divulgou um comunicado neste domingo (29) no qual critica o tratamento oferecido pelo Brasil a cinco militares venezuelanos que deixaram seu país e foram encontrados em solo brasileiro na semana passada. A Venezuela afirma que o Brasil deu caráter de refugiados a "cinco terroristas". Entretanto, o governo Maduro não apresentou provas dessa acusação. Tampouco o Itamaraty confirmou neste domingo ter concedido status de refugiados aos militares. A informação mais recente sobre o caso divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores data do sábado (28). Numa nota conjunta com o Ministério da Defesa, o Itamaraty afirma que os militares foram encontrados em território brasileiro no dia 26 de dezembro e estavam prestes a iniciar "os procedimentos para a solicitação de refúgio no Brasil, a exemplo de outros militares venezuelanos em situação similar". A localização dos estrangeiros ocorreu durante a “Força Tarefa Logística Humanitária Operação Acolhida”, que acolhe imigrantes na fronteira. Venezuela pede para Brasil entregar militares 'desertores' retidos em Roraima O G1 procurou o Ministério das Relações Exteriores e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem. Comunicado do governo Maduro O comunicado produzido pelo governo de Nicolás Maduro chama os cinco militares de "terroristas". Diz o texto: "O Governo da República Bolivariana da Venezuela rechaça categoricamente a decisão do governo da República Federativa do Brasil de dar condição de refugiados aos cinco terroristas, responsáveis materiais do assalto ao 513º Batalhão de Infantaria da Selva Mariano Montilla, localizado em Luepa, Gran Sabana do Estado Bolívar, no último 22 de dezembro de 2019, onde se subtraíram 120 fuzis de assalto e 9 lança-granadas em uma operação violenta em que perdeu a vida um soltado de nossa Força Armada Nacional Bolivariana." O governo venezuelano chama de "insólita" a suposta decisão do governo brasileiro de dar refúgio aos cinco militares. "A República Bolivariana da Venezuela denuncia ante a comunidade internacional esta insólita decisão que confirma o padrão de proteção e cumplicidade de governos satélites dos Estados Unidos para agredir a paz da Venezuela através de mercenários que confessaram seus crimes, sobre os quais existe demonstrada convicção de provas, treinados, pagos e protegidos por governos de países vizinhos." A Venezuela acusa o governo do presidente Jair Bolsonaro de tomar decisões "temerárias" e ofender "o direito internacional humanitário" e estabelecer "perigosos precedentes de proteção a pessoas que cometeram delitos flagrantes contra a paz e estabilidade de outro Estado". "O governo brasileiro se converte, assim, em cúmplice de atividades armadas contra países vizinhos e o protetor dos delinquentes e mercenários que as protagonizaram", diz o texto. Polêmica O governo de Nicolás Maduro tem acusado o Peru, Colômbia, Equador e Brasil de "usar" militares venezuelanos desertores que procuram refúgio nesses países para "semear a violência, a destruição e a morte na Venezuela". A Venezuela afirma que os combatentes são responsáveis pelo ataque contra uma instalação militar em Gran Sabana, em 22 de dezembro. Em pronunciamentos anteriores, o Itamaraty brasileiro negou "qualquer participação no episódio" do dia 22 e ressaltou que "o Exército Brasileiro intensificou o patrulhamento na região da faixa da fronteira".
Venezuela critica acolhida do Brasil a militares desertores e diz que Itamaraty dá condição de refugiados a 'terroristas'
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dezembro 29, 2019
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