Defesa nega que médico tenha se recusado a atender paciente idosa por causa da idade em São Joaquim da Barra, SP


Médico de Ipuã levou mulher de 85 anos ao hospital na cidade vizinha e fez manobra de ressuscitação porque se desesperou ao ser questionado por especialista, diz advogado. Defesa de médico suspeito de omissão transfere responsabilidade para médico de Ipuã, SP A defesa do médico Luiz Octávio Villena, suspeito de recusar atendimento a uma paciente de 85 anos por causa da idade, em São Joaquim da Barra (SP), negou que o especialista tenha sido omisso. O advogado Alexandre Nader culpou a equipe do pronto-socorro de Ipuã (SP), que transferiu a idosa para o hospital na cidade vizinha, pelo agravamento do estado de saúde dela. Nacyr Ávila Leonetti sofreu uma parada cardiorrespiratória ao dar entrada na Santa Casa de São Joaquim da Barra. Segundo testemunhas, o médico Luiz Octávio Villena afirmou que “não compensava investir” em uma manobra de ressuscitação por causa da idade da paciente. A aposentada foi reanimada pela equipe de Ipuã, que acompanhou Nacyr na ambulância. O advogado alega que a manobra foi feita médico de Ipuã porque ele se desesperou ao ser confrontado por Villena sobre um sedativo administrado antes da chegada dela à unidade. Ainda segundo Nader, a Santa Casa “concluiu que a denúncia não corresponde à realidade”. O médico Luiz Octávio Villena é suspeito de negar atendimento a uma paciente em São Joaquim da Barra, SP Reprodução/EPTV A Polícia Civil investiga se houve uma tentativa de homicídio por parte de Villena. Segundo o delegado, a suposta atitude do médico pode ter colocado em risco a vida da idosa. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) instaurou sindicância para apurar a denúncia. A idosa segue internada na Santa Casa de São Joaquim da Barra e, segundo a família, o quadro dela é estável. Internação Segundo a neta da aposentada, Letícia Ávila Leonetti, a avó passou mal no dia 22 de agosto e foi levada ao pronto-socorro de Ipuã, cidade onde mora. Com desidratação e falta de ar, a aposentada foi transferida para a Santa Casa de São Joaquim da Barra. A neta, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem e um médico a acompanharam na ambulância. As imagens gravadas pelas câmeras do hospital mostram o momento em que a ambulância chega com a idosa entubada. Um enfermeiro leva um cilindro de oxigênio até o veículo. Em seguida, na maca, ela é levada para dentro do prédio. O vídeo também mostra Villena no corredor, a caminho da sala de urgência. Nacyr chega entubada à Santa Casa de São Joaquim da Barra, SP Câmeras de segurança/Reprodução De acordo com a enfermeira e coordenadora do pronto-socorro de Ipuã, Franciele Costa, ao examinar a paciente, Villena afirmou que ela já estava morta. “Ele chegou, avaliou e disse que a paciente estava em óbito, que a gente já tinha levado a paciente para ele em óbito. Eu falei pra ele: ‘doutor, se ela parou, foi aqui na porta. Vai fazer alguma coisa?’ Aí ele falou para a gente que, pela idade dela, não valia a pena investir. Que ela tinha 85 anos”, afirma. Franciele diz que ela e o médico Jean Castro Cunha deram início, por conta própria, ao processo de reanimação e começaram a massagear a paciente, que retomou a pulsação. “Ele [doutor Villena] só traçou um eletro e todos vinham com atividade cardíaca. Ele traçou uns cinco eletros, esperando que ela viesse a óbito para acionar o Serviço de Verificação. Chocou bastante a gente o fato de ele falar que ‘quando a gente quer que o paciente morre, não morre’”, diz. A enfermeira e o restante da equipe comunicaram o caso à Secretaria Municipal de Saúde de Ipuã, que elaborou um ofício relatando o caso à Santa Casa de São Joaquim da Barra. A coordenadora do pronto-socorro de Ipuã, SP, Franciele Costa, denuncia médico de São Joaquim da Barra, SP Reprodução/EPTV 'Não houve má conduta' Na terça-feira (3), o hospital informou que havia uma sindicância em curso para apurar a denúncia. Já nesta quarta-feira (4), o advogado Alexandre Nader, que também representa a Santa Casa, disse que a unidade nega a má conduta atribuída ao especialista. “Ela [paciente] foi imediatamente levada para a sala de urgência e o doutor Jean, de Ipuã, informou que havia ministrado meia ampola de sedativo. Como essa paciente veio com um quadro de insuficiência respiratória aguda, o doutor Luiz Octávio questionou a conduta médica, que provavelmente esse sedativo teria causado a parada. Todas as nossas enfermeiras afirmaram que essa paciente chegou praticamente morta”, diz. Segundo Nader, o doutor Jean iniciou a massagem por ter ficado desesperado com o questionamento. “Enquanto a paciente era estabilizada, houve uma discussão com relação à conduta médica entre os médicos. Portanto, a Santa Casa nega que houve omissão do doutor Luiz Octávio. Isso nos parece que é uma tentativa pessoal de Ipuã em transferir a responsabilidade deles para o doutor Luiz Octávio e para a Santa Casa”, afirma. Santa Casa de São Joaquim da Barra, SP Reprodução/EPTV O advogado também nega que Villena tenha recusado atendimento por causa da idade da paciente ou desejado a morte dela. “Isso não aconteceu. Essa indagação foi feita pelo doutor Jean, segundo as nossas três testemunhas. O doutor Jean disse abre aspas: ‘vamos investir?’. Ao que o doutor Luiz Octávio disse: ‘vamos investir’.” Por telefone, também na terça-feira, Villena disse que não se lembrava do caso de Nacyr. Ipuã nega erro de equipe A secretária de Saúde de Ipuã, Ivana Clemente Castro, diz que a denúncia se refere à conduta do médico, e não ao hospital. Ela afirmou que a equipe que realizou o atendimento da idosa no pronto-socorro cumpriu todos os protocolos estabelecidos. “Ela saiu daqui estável. Tudo o que foi feito aqui está na ficha de atendimento da paciente. Não houve falha em Ipuã. Eu acredito fielmente que não teve. Se tivesse tido alguma intercorrência, ela não teria aguentado. A paciente foi entubada e eu não conheço nenhum paciente entubado sem sedativo. Nada além do que o protocolo exige.” A neta de dona Nacyr, Letícia Ávila Leonetti, cobra afastamento do médico em São Joaquim da Barra, SP Reprodução/EPTV A neta de Nacyr, que estava na ambulância com a avó, diz que não notou nenhuma anormalidade no trajeto de Ipuã até São Joaquim da Barra. “Eles foram o tempo todo controlando o oxigênio, ela saiu entubada e sedada. Não teve problemas. Trataram ela muito bem, como tem que se tratar todo mundo”, afirma. Letícia afirma que a avó permanece na UTI da Santa Casa e que tem apresentado melhora. “Conseguiram controlar a pneumonia. É um passo de cada vez. Logo ela está de volta aqui com a gente. Vale muito a pena investir numa pessoa de 85 anos, como em qualquer ser humano.” Veja mais notícias da região no G1 Ribeirão Preto e Franca

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