Júri da Kiss: julgamento segue no domingo com depoimento de sócio da boate e mais um sobrevivente


Trabalhos entram no 5º dia. A partir das 10h, deverão ser ouvidos Tiago Mutti, testemunha da defesa de Mauro Hoffmann, e Delvani Brondani Rosso, convocado a pedido de um assistente de acusação. Foro Central de Porto Alegre com cartazes e faixas de familiares em homenagem a vítimas da boate Kiss Juliano Verardi / IMPRENSA TJRS O julgamento da boate Kiss segue de forma ininterrupta neste domingo (5), no Foro Central, em Porto Alegre. A partir das 10h, deverão ser ouvidos Tiago Mutti, uma testemunha de defesa do réu Mauro Hoffmann, sócio da casa noturna, e o sobrevivente Delvani Brondani Rosso, convocado a pedido de um assistente de acusação. Um intervalo está previsto para as 12h30 e, depois, mais um à tarde. Se necessário, o juiz Orlando Faccini Neto pode estender os trabalhos até a noite e convocar nos depoentes. AO VIVO: Acompanhe julgamento dos réus no caso Kiss Até agora, já foram ouvidos oito sobreviventes, de um total de 12. Também testemunharam quatro pessoas, e uma quinta testemunha respondeu aos questionamentos como informante, já que magistrado o desclassificou após uma postagem da filha nas redes sociais. Ao todo, 16 pessoas serão ouvidas na condição de testemunhas, além dos quatro réus. Reveja como foram os dias anteriores: Dia 1: escolha de jurados e depoimentos de sobreviventes Dia 2: emoção de sobreviventes e intervenções fortes do juiz Dia 3: testemunha vira informante e mais três depoimentos Dia 4: testemunha de defesa; dois sobreviventes relatam 'filme de terror' Júri da Kiss, no Foro Central de Porto Alegre Juliano Verardi / IMPRENSA TJRS Como foram os depoimentos no sábado Cristiane dos Santos Clavé estava na festa e conseguiu sair da boate logo após o início do fogo. Ela avisou o irmão, que foi buscá-la e ainda ajudou a quebrar as paredes de madeira para ajudar a tirar a fumaça tóxica do ambiente. "Quando meu irmão chegou, eu disse pra ele que aquilo era um filme de terror. Meu irmão foi tirar as madeiras que revestiram a parede. Ele veio até a mim dizendo que ia entrar. Eu disse pra ele não entrar", relatou em plenário. Ela se emocionou bastante ao descrever como escapou e confirmou, também, ao Ministério Público, que não houve aviso no sistema de som de incêndio nem pedido de evacuação. "Muita gente morreu sem saber o que estava acontecendo", diz. 'Muita gente morreu sem saber o que estava acontecendo', diz sobrevivente da Kiss Maike Adriel dos Santos também sobreviveu à tragédia. Ele havia ido à festa com um grupo de amigas, que faleceram. "Respirar aquela fumaça, parecia que estava respirando fogo", disse Maike, que é formado em desenho industrial, ao relatar sobre o incêndio. Ao juiz Orlando Faccini Neto, Maike afirmou que o tratamento psicológico que teve foi "conhecer os pais das amigas". "Ainda pesa muito, ainda tenho alguns resquícios de traumas. Agora um pouco menos, mas pouco depois da tragédia era mais forte. Crise de pânico, ansiedade na aula. Medo de aglomeração. Medo de estar com muita gente em volta", lamentou. Sobreviventes do incêndio na boate Kiss se encontram durante intervalo do júri Veja os depoimentos dos sobreviventes: Kátia: 'comecei a gritar que não queria morrer', diz ex-funcionária que teve corpo queimado Kelen: 'última vez que corri foi para tentar me salvar', diz sobrevivente que teve perna amputada Emanuel: 'não soou alarme', conta sobrevivente especialista em prevenção de incêndio Jéssica: 'vi quando pegou a faísca', conta sobrevivente que perdeu irmão Lucas: 'eu desmaiei, fui muito pisoteado', diz DJ da boate Érico: 'ajudei até o final', conta barman que ajudou no socorro às vítimas Maike: 'Parecia que estava respirando fogo' Cristiane: 'Aquilo era um filme de terror' 'Era algo que trazia um glamour', diz empresário sobre uso de fogos Primeira testemunha do dia foi o empresário Alexandre Marques Juliano Verardi / IMPRENSA TJRS Alexandre Marques foi arrolado como testemunha pela defesa de Elissandro Spohr, o Kiko, um dos réus no processo. Ele conta que fazia o material gráfico e publicitário de Kiko e também "vendia" bandas para ele. Alexandre também era produtor da banda Multiplay, que fez um show na Kiss. Segundo o empresário, não era costume debater com os donos dos locais sobre o uso de pirotecnia. "Não era de costume informar as casas [sobre o uso de fogos]. Era algo que trazia um glamour pela banda. Sempre que eu chegava em qualquer local de show, eu inspecionava o ambiente, o que tinha sobre o palco. Se eu não achava seguro colocar, eu não colocava. Antes da questão do público eu também tinha que pensar na banda, então eu não colocava", diz. Alexandre destaca que no dia que a banda dele, a Multiplay, tocaria na Kiss, ele foi ao local instalar um banner e os sputniks, mas que Kiko não autorizou o uso. Ele destaca que a primeira vez, quando foi tocar na Kiss, a ideia era fazer uma "abertura top, com glamour". "Se tu está com a casa muito lotada, tu não ganha no bar, porque a pessoa não consegue chegar lá. Se está muito cheia, muito quente, tu não consegue chegar no bar, tu acaba ficando claustrofóbico". O que disseram as testemunhas: Engenheiro diz que sugestão de sócio para instalar espuma acústica era 'leiga e ignorante' 'Artefatos não podem ser usados em ambiente fechado', diz gerente de loja Juiz transforma testemunha em informante após filha postar 'apodreçam na cadeia' 'Ele sofre por isso', diz ex-patrão de vocalista da banda ouvido em audiência 'Não era de costume informar as casas', diz testemunha de defesa sobre o uso de fogos nos shows Quem são os réus? Elissandro Callegaro Spohr, conhecido como Kiko, 38 anos, era um dos sócios da boate Mauro Lodeiro Hoffmann, 56 anos, era outro sócio da Boate Kiss Marcelo de Jesus dos Santos, 41 anos, músico da banda Gurizada Fandangueira Luciano Augusto Bonilha Leão, 44 anos, era produtor musical e auxiliar de palco da banda Entenda o caso Os quatro réus são julgados por 242 homicídios consumados e 636 tentativas (artigo 21 do Código Penal). Na denúncia, o Ministério Público havia incluído duas qualificadoras — por motivo torpe e com emprego de fogo —, que aumentariam a pena. Porém, a Justiça retirou essas qualificadoras e converteu para homicídios simples. Para o MP-RS, Kiko e Mauro são responsáveis pelos crimes e assumiram o risco de matar por terem usado "em paredes e no teto da boate espuma altamente inflamável e sem indicação técnica de uso, contratando o show descrito, que sabiam incluir exibições com fogos de artifício, mantendo a casa noturna superlotada, sem condições de evacuação e segurança contra fatos dessa natureza, bem como equipe de funcionários sem treinamento obrigatório, além de prévia e genericamente ordenarem aos seguranças que impedissem a saída de pessoas do recinto sem pagamento das despesas de consumo na boate". Já Marcelo e Luciano foram apontados como responsáveis porque "adquiriram e acionaram fogos de artifício (...), que sabiam se destinar a uso em ambientes externos, e direcionaram este último, aceso, para o teto da boate, que distava poucos centímetros do artefato, dando início à queima do revestimento inflamável e saindo do local sem alertar o público sobre o fogo e a necessidade de evacuação, mesmo podendo fazê-lo, já que tinham acesso fácil ao sistema de som da boate". VÍDEOS: Caso Kiss o

Júri da Kiss: julgamento segue no domingo com depoimento de sócio da boate e mais um sobrevivente Júri da Kiss: julgamento segue no domingo com depoimento de sócio da boate e mais um sobrevivente Analisado por Blog em dezembro 05, 2021 Classificação: 5

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